Novembro 2014
outra paisagem
Ando pela minha cidade a procura de uma paisagem que não seja de passagem. um lugar onde o único movimento é o do vento que passa... um cenário em que o tempo pare, me pare. Olho pela janela, observo outros lares em busca dessa tal paisagem ao som dos motores da cidade.
Dobraduras (origami)
...Me dobrei em azul, tentei em vão alcançar o nu. Vesti uma saia laranja pensei alcançá-lo pela dança. Nada deu certo, até me pintei de amarelo. Experimentei inclusive o vermelho, mas sem muito esmero. verde, branco, rosa, preto, lilás... qualquer cor, tanto-faz. Decidi então me dobrar pelo avesso, encontrei todas as cores num corpo inteiro.
Que de tão esticado se rompe
Elástico que estica o dedo que estica a mão que estica o corpo que estica o tempo que estica o espaço que estica o rosa de tua pele que estica o elástico
Origami 4
Observo meu rosto envelhecer,
cada ruga, uma nova dobradura.
Prova das histórias de vida de um papel,
Que de liso foi sendo dobrado.
Viver é dobrar.
É criar vincos na pele.
Cada origami que construí será assim:
uma mistura de tempos.
E também uma parte.
Parte de mim, parte de ti, parte...
E essa parcialidade é o que temos de mais complexo
Cada dobra é um elo.
Clarice
Clarice acordou Tempestade, Exércitos em guerra... No jardim, o som.. ..tambores. No peito, temores. Mas Clarice é flor. Flor não se pedra, Dança a música da terra.
Claridade afugenta tempestades. No jardim, o som.. ..tambores. No peito, amores. Agora é dia
Eu, que nunca acreditei em felicidade, outro dia me peguei rindo a toa... apesar do barulho da cidade. Não sei se foi quando estiquei as pernas, fechei os olhos ou notei que respirava. De repente tudo se fez dia, de sorriso eu transbordava. Foi a primeira vez que enxerguei sem medo do erro, da dúvida, do verso... ou do meu anverso. Será isso que chamam de felicidade? Ou apenas um avançar da idade... Só sei que em minha casa agora é dia. Abro portas e janelas, todo vento que passa é de alegria.