Julho 2015
A praia V
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30 segundos de espera e do sangue de meus olhos ardentes vejo fugidia uma praia Onde as ondas são palavras que ora dizem ora contradizem as areias da praia
A praia IV
À praia Esquecida atrás da linha do horizonte onde o sol afundou ontem. Clássica de cinzenta natureza aprisionada por sua beleza. Fugitiva que busco na claridade da cidade como quem busca a felicidade. Rotulada que nunca pediu pra ser verdade só um espaço de liberdade.
A praia III
A praia Do esquecimento. De que matéria és feita? De fronteiras de luz. Para olhos ardentes, uma incerta penumbra E o silêncio das ondas, onde brotam rochas profanas. O vento A iluminação A dúvida Me aceitas? Resquícios do elo entre o homem, a cultura e a natureza O primeiro passo para a liberdade.
Frustrações
Não quebrei o braço, Não usei óculos, Nem aparelho nos dentes. Mas plantei semente, que não vingou. Mas comprei um óculos escuro, que se arranhou. Mas cortei o baço, que não cicatrizou.
Balanço
Fecho os olhos, Tomo impulso E vou. Eu avoo... O cabelo ultrapassa o meu rosto. Eu suo, Eu sou. Eu avoo... Rio alto, Eu salto, Não volto, Estou solto. Eu avoo...
Madrugadas de domingo
Ninguém sabe o prazer que sinto
de correr na madrugada dos domingos.
De primeiro, a ponte do Limoeiro,
que de limão nunca vi,
apenas uma ou duas prostitutas que fazem ponto alí.
E não posso me esquecer
os barquinhos coloridos de pesca,
para o dia não entristecer.
Sigo 'vuando' pelo Antigo,
sou dona da rua, só eu e meia dúzia de mendigos.
É verdade tem os noturnos das festas,
que esqueceram da hora da cinderela,
tropegos caminham pelas calçadas.
Me divirto, mas não digo nada.
Lembro que um dia já fui eu,
adeus passado, adeus!
Observo os casarios, os prédios modernos, o rio
o esgoto, o meio-fio
e a meia vida do mangue, de quem já foi mangue-town
e agora é asfalto e cimento.
Observo, mas não lamento.
A natureza a de cobrar a conta
Chego a outra ponta,
é a ponte giratória.
Onde giram as câmeras de segurança,
gira eu, gira você, giramos todos nessa dança
da musica que não escolhi pra tocar.
Rezo pelo avanço do mar.
só ele para limpar essa cidade,
devolver ao cais sua dignidade.
Iemanjá toma minha oferenda,
Te ofereço duas Torres Gêmeas!
Por medo do viaduto,
confio mais nos becos escuros,
respiro o cheiro de peixe,
e dou a volta nos escombros de Santa Rita.
Retorno pela Martins de Barros
(devia ser proibido dar nome de gente a rua)
rua boa é rua da Aurora, da Alegria, da União
da Amizade, até a da Saudade...
Esqueço esse meu rancor,
quando vejo o Baobá meus olhos se enchem de amor.
Não pelo palácio da corrupção,
ou pelo teatro da hipocrisia,
mas pelas praças que se encontram presas,
pela Santa Izabel, uma dama de grande beleza
e pelo Liceu, meu colégio
tão meu!
Atravesso a última ponte do meu passeio
De um lado o Sol do outro minha casa
aos meus pés o Capibaribe
Minha ponte e suas irmãs,
meu cinema preferido.
Olinda, onde nasci Aurora, onde vivo Recife, o ar que respiro.
O mar e o Castelo
Sob minhas unhas, areia É tarde e o pé afunda A onda vem e me abraça Danço cheia de graça Me entrego de corpo e alma Mil peixes batem palmas No azul escuro do mar Encontro a minha morada Sento à sua calçada Com tempo os templos Humanos a desmoronar É destino dos castelos vir a mar E o amor é como uma onda Ora vem ora vai Ora faz bem ora não faz Mas nos dias de tempestade Fuja das ondas Corra pra feliz cidade Lá erguerás teu reino Viverás rodeado de espelhos Paredes espessas a te proteger Esse será o teu castelo Tudo nele será belo Até o mar aparecer.
Por não dizer
Para cada emoção escondida, uma palavra não dita, um aperto no peito, uma facada na alma. A cada lágrima engolida, um gosto ácido na saliva A cada riso contido, um olhar longe, no infinito. Observo o espelho, cicatrizes é o que vejo sulcadas em meu rosto, até o espelho está roto. E os cabelos ficando branco, sem o passar dos anos. Estou envelhecendo mais rápido que o tempo.
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