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Julho 2012

Maremoto

Uma onda longa, que a espreita, sonda e vem, experimenta e vai... Te vejo suave, adeus, bye-bye Mas lá longe, se ajunta, abunda, uma onda densa, profunda. Um gigante, que num levante, de mar, de areia, de ar violentamente para mim flui e golpeia, martela, esfaqueia a terra estremece, o céu se pertuba e o meu mundo inteiro afunda.

Carnaval diário

E esse carnaval que não acaba... Oito horas fantasiada, todo dia, me arrasa. São tantas máscaras que quando lavo o rosto não encontro mais minha cara. Nas ilusões do mundo, me confundo. Procuro acreditar que tudo seja realmente útil. Prisioneira, transito entre compromissos, obrigações, acordos, afazeres, reuniões, sonho com um sumiço. Mas quando chego em casa, aaahhh, tiro a camisa de força. Quem me vê pensa: está louca. Tomo banho nua, livre das fantasias, dou adeus ao longo dia. E boas vindas a noite curta, mas de alegria!

Chuva de pregos

Mil pregos chovendo e eu, por não ser parede, não sei como recebê-los. A garganta seca, tenho sede. Os dentes doendo. A força contida O grito natimorto, sofro me liquefazendo. E pelos poros derramo um ódio mudo, uma raiva calada de quem silenciado não pode fazer nada. Respiro, profundo denso, surdo para o mundo. Sou água. Os pregos caem. Nada fica, tudo passa.

Sem pregos

Hoje eu queria ser martelo pra enfiar todos os pregos no concreto. E deixá-los bem presos para mais nunca cometerem maldades. Sem pneus furados, viajar livremente. Sem pregos no chão e nos calçados, derrepente andar descalço. Sem medo de se ferir, simplesmente sorrir.

Na estação

O grito de Ivo soou como apito anunciando que ia, que estava de saída, que não mais viria, que tudo o que será se tornou seria. Imóvel fiquei, nem a mão do adeus levantei. Fumaçando ele se foi. E eu continuei, esperei por outro trem e nele embarquei.

2 dígitos

O amor tem dois dígitos: eu e você. Até mesmo quando é dos outros: dela e dela. No singular ou plural: nós e vocês. não tem distinçaõ de sexo: ele(a) e/ou ele(a). e cabe múltiplos casais: ele e elas, nós e ele, eles e vocês. Ainda assim, tem dois dígitos: se um é tampa o outro é panela, se um é metade o outro é laranja. É, não tem jeito. O amor é soma e o resultado é dois

Pé de coco

Do coqueiro bebo a água fresca da inocência, como a carne doce da imaturidade, depois me deito a sua sombra e tenho os sonhos verdes da mocidade.

Tristeza é Alegria

Tristeza é Alegria com miopia basta um óculos de riso incontido pra se vê e não esquecer Que toda desgraça tem sua graça. E que a dor se alivia com humor.

Ideologia da simplicidade

Da essência profunda do âmago de alguns fundos vieram as ideologias que hoje governam o mundo. Os desejos e sonhos caros. A droga liberalizante do consumo. O vício da frustração. A hipocrisia do status. A última tecnologia de alienação. Quando basta apenas o pão amor amigos sorrisos carinho e compreensão.

Filme

Não passou de ficção. Seguiu todos os passos, superou os obstáculos, como num filme de ação. Foi bom aluno no colégio, trabalhou, comprou casa e casou. assistiu jornal, futebol, novela, televisão. tomou umas com os amigos, envelheceu, mas criou os filhos. só que um dia o filme acabou. morto então ele pensou: não foi bem a vida que queria. Me faltou um pouco de poesia.

Sem Título

Poemas incomple atos interrompidos aquilo que não foi dito ou escrito os olhos já não enxergam os ouvidos estão surdos cansados adormeceram a tinta, o papel, a respiração uma mente vazia sono ou meditação.

Zoom

Sentado a janela observo as mãos que seguram o jornal, que levanta a xícara. Tímido, recolho os olhos do outro lado, me afasto. A janela, o jardim, o portão, a rua, as casas, carros, gente, tráfego, arranha-céus, inúmeras construções, um rio que desemboca no mar...ah o mar! Fecho a cortina. Bom dia queria dizer. Penso em você. E dou um gole no café.

Blue

Eu não seria blue sem tu, flocos de algodão doce inacessíveis supensos no ar... Sobre eles, eu a caminhar. E o calor, que em minha pele bate, embranquece, mas ela não te esquece. Vem, seremos dois carneirinhos cobertos de algodão blue, eu e tu nessa imensidão.

Da Queda do Mundo

Depois da queda, só resta o riso. Depois do mundo, o umbigo. Ao Riso do Umbigo.

Hai - Ca_.

Os embalados versinhos estão prontos para consumo. Quem vai às compras consome desilusões pagando amor. A contra adição da liberdade é a sua obrigação. Sem inspiração, Nem procuro solução. É manteiga e pão.

Redondo o sorriso.

Várias ruguinhas em festa.

3/4 do humor. Por um humor laranja que abranda tudo, refresca o mundo.


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