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Outubro 2012

Origami 3

Observo meu rosto envelhecer, cada ruga, uma dobradura. Prova das histórias da vida do papel. Que de liso foi sendo usado. viver é dobrar. É criar vincos na pele. cada origami que construí será assim: parte de mim, parte de ti, sempre partes. Porque não há inteiros. Essa parcialidade é o que temos de mais complexo. Pessoas se conhecem, se dobram, formam elos.

Origami 2

Olho para um lado e para o outro sempre uma combinação, possibilidades de ação. Nunca enxergo o todo, apenas partes de um complexo sistema de múltiplos elos. E essa parcialidade é o que tenho de mais completo Dependo sempre de você para formarmos os elos. Nos dobramos um pelo outro juntos nos construímos e formamos o todo.

Origami 1

A cada ruga em minha pele, uma dobra no papel. Relacionamentos, possibilidades. Dobras, alteridades. Uma dobra traz em si suas possibilidades, há sempre duas partes. Nos olhos do outro tento me enxergar inteiro... sou eu, o outro, o entre ou eu mesmo? Não, não há resposta correta As combinações são sempre incertas. Mas o papel que se dobra se transforma... Mesmo quando se desdobra, o vinco da dobradura permanece... passa a fazer parte da sua história não desaparece...

Um chá

Um chá com aroma de mar para eu respirar seu ar beber suas vagas lemrar de amar Um chá quente, fumegante, excitante, me abraça e embala. Um chá que na boca vem deixar o gosto das recordações doce dos momentos de calor e de paixões.

Conhecer, ser

Espero que dure essa tranquilidade... que não se vá com o passar do tempo, o avançar da idade... que tenha definitivamente expulsado a ânsia, que esta fique apenas na lembrança. A sensação de ser exatamente quem se é. O conhecimento de que os medos são rarefeitos. Tudo é uma questão de imaginação. Viver é ação. Na quietude dessa certeza, de see eu, eu mesma, quem acorda, adormece, boceja... olho-me no espelho, falo para a outra: "Veja" Somos um e tantos quanto quisermos vivemos o que acreditamos... Existem tantas realidades quanto as que imaginamos.

Consciência

Creio que estou chegando lá, no mesmo lugar que estou, mas de um jeito diferente, me sinto mais consciente. Tantas conversas plantaram uma semente. Parei de mentir, para mim. Assumo o que se passa em minha mente. Concentro-me em minha própria vida. Aprecio meus dias com alegria. E os maus pensamentos? Às vezes vêm, mas com um sopro expiro-os de meu corpo e lá se vão soprados pelo vento.

Dormi

Dormi. Não resisti. A despeito do café, da sobremesa, da reunião, do barulho do trânsito e da televisão. Dormi. Um sono sem preocupação, de quem não tem hora pra acordar, de quem só quer sonhar e não precisa trabalhar. Dormi. Numa tarde de sexta-feira, no meio do expediente, uma grande besteira. Dormi. E menti. Para todos estava doente, havia passado mal com o almoço, pense no sufoco. Acordei. estava tudo escuro, era noite com certeza, tentei levantar, mas desisti, me enrolei no lençol e Dormi.

Enquanto o vento bate em minha janela

Enquanto o vento bate em minha janela e sussura palavras doces para eu acordar, Permanceço. Durmo. Os olhos fechados, cansados. Não há vento, sol, chuva ou promessa de felicidade, que possa me acordar. Não é que desisti... No momento não me interesso em ser feliz. Mal tenho forças para escrever... Quiçá, levantar e viver. Só, me resta dormir... Esperar, talvez sonhar.

Ode ao presente

Quero o discurso da felicidade, usado para iludir a todas as idades. A certeza de que tudo dará certo, esconderijo da obrigação de ser esperto. Quero juntar todas as palavras de esperança e dizer-lhes bem alto: -Vocês não enganam sequer crianças! Depois do final feliz é o nada. A história sempre acaba. A morada da felicidade é o futuro. E o futuro é sempre nada. É aquilo que não é. É o ausente. Por que viver em busca do que não está presente? Quem espera pelo futuro passa a vida no escuro. Porque a vida é presente, é tudo aquilo que não está ausente, é o que você sente. Não caminhe para as trevas da felicidade. Não navegue no mar de esperanças, para não afundar no poço de ansiedade. Abra os olhos e veja. Está claro. Seja dia, seja noite, sente. Vive bem quem vive o presente!

Vagas

Os pés enterrados na areia A cabeça nas nuvens O corpo a flutuar nas ondas do mar... Pra lá pra cá a vaguear... Só enxergo azul Meu corpo úmido e quente Fico a escutar o Mar Ahhh amo amar o mar vagueio pra lá e pra cá.

Queria ser uma sereia

Queria ser uma sereia para com meu canto te atrair ou a estrela mais brilhante para que enxergasses só a mim. Mas não, não sou estrela, sereia, pavão ou princesa. Não sei jogar. Não sou dama, peão, dado. Não entendo os jogos de sedução ou de azar. Perdi as aulas de convenções sociais procurando tesouros no jardim. Confesso-te sou assim. Portanto, não sejas tão território, meu amado! Pois sou amadora, uma péssima navegadora... Sei que não te conquistarei, bem antes, num mar de vergonha , afundarei.

Equilibrista

Em cima da corda, um passo de cada vez. Tremo, balanço, canso, mas não descanso. Insensatez, eu sei. Uma vida de equilibrista... Por favor, me assista! Mas não, não há plateia, nem contrarregra ou regra... eu só... balanço. E o vento E a chuva E o temperamento e os meus pensamentos... canso. Equilibrista, continuo, não descanso.


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